Ele disse que namoraria comigo - Parte 2
06 de dezembro de 2025
Meus amores, terça-feira revi o homem do texto “ele disse que namoraria comigo”. Confesso que fiquei pensando nesse encontro dias depois, porque verdadeiramente mexeu comigo. Ele não me procurou mais e eu até apaguei as conversas para não alimentar nada. O encontro foi intenso. Mas a minha ideia era fixa: ele seria apenas meu cliente.
Eis que ele me procura no meio de novembro, manda um “oi” e some. Fico reflexiva. Será que ele gostaria de me falar algo, mas não teve coragem? Depois no final de novembro, esse homem volta como se nada tivesse acontecido, dizendo que estava corrido e querendo marcar o encontro. Acontece que naquele dia eu que estava corrida e não conseguimos marcar. Até que terça-feira ele me manda uma mensagem de novo, aí o encontro aconteceu.
E que encontro, meus amores!
Assim que eu cheguei, a gente se beijou como se estivéssemos com muita saudade, então ele para de me beijar e diz:
– Tira a roupa.
– Mas já? – e dou um sorriso.
– Não. Ah, fica como você quiser.
Dava para perceber que ele estava com muita vontade de mim. E era recíproco. Eu sento na cadeira, e ele se senta na minha frente. Eu pego um cigarro e uma cerveja, tiro a minha roupa, como ele pediu, e a gente começa a conversar. Eu pergunto se ele leu o meu texto, o texto que escrevi falando sobre o nosso primeiro encontro, ele diz que sim e parece um pouco envergonhado. Eu pergunto o que ele achou do texto e ele só me diz que gostou, mas não se aprofunda. Nesse encontro, ele não falou nenhuma vez que namoraria comigo. Ele realmente leu porque escrevi que não irei namorar com ninguém. Ele parece respeitar isso.
Subimos as escadas, onde ficava a banheira e nos sentamos nas poltronas, ele pede para eu ficar de costas para deitar nele. Eu acho isso fofo, então deito no seu peito.
– Eu estava com saudades, você também estava?
– Sim.
Eu falei várias vezes no encontro que estava com saudades dele. Merda. Eu sou muito sincera e tenho dificuldade de guardar o que penso para mim. Também disse várias vezes que gostava dele, e ele também dizia que gostava de mim. Fomos para a banheira e o assunto sobre namoro voltou. Ele foi cauteloso e me sondou, perguntando se eu namoraria com alguém se eu conhecesse uma pessoa legal. Respondo que não e entro no assunto de que nunca me apaixonei de verdade por alguém, nunca amei alguém e que as minhas relações sempre foram péssimas e instáveis. Eu brinco uma hora dizendo que sou muito louca. Eu estava definitivamente tentando afastar ele de mim. Sim, é nítido que eu tenho medo de me envolver. Eu tenho muito trauma de pessoas, tenho dificuldades até mesmo de fazer amigos. Não confio em ninguém. Sou muito sozinha e fico bem assim. Fui muito machucada em todas as relações que eu tive. Meu passado não foi fácil. Eu tenho me curado, mas nunca encontrei uma pessoa em que eu pudesse confiar de verdade. Uma pessoa que não me traiu. Eu não quero me machucar de novo, entendem? Também não quero machucar ninguém com a confusão que eu sou, então disse superficialmente para ele que seria difícil estar comigo. Ele parecia não entender a gravidade ou talvez ele não se importasse com isso. Ele me enxergava muito além do que eu mostrava. Eu disse a ele que ele foi o único homem que disse que namoraria comigo, mesmo eu sendo uma garota de programa. E ele disse que era porque, para ele, eu era muito mais que isso. Uma coisa que eu fiquei pensando foi: o que eu mostrei para ele que no primeiro encontro ele já disse que namoraria comigo? O que ele viu de diferente em mim? Sempre me senti diferente, desde criança. Um patinho feio. Uma aberração. Sempre fui excluída por ser quem eu sou. Sempre me senti inadequada e errada. Sempre senti que eu não tinha um grupo no mundo. Sempre senti que eu não pertencia a nada. Ser diferente sempre foi um martírio. Às vezes pessoas me conhecem e dizem que eu sou diferente e que isso é um máximo. Mas depois elas param de falar comigo. Eu tenho, sim, muitas coisas diferentes. Uma história de vida diferente. Mas o que esse homem viu em mim para me achar diferente em algum sentido e ainda assim “escolher ficar”?
Escrevo tudo isso pensando que talvez ele vai ler de novo. Que vergonha. Mas eu preciso escrever. Escrever é o meu modo de lidar com a minha bagunça interna.
Enfim.
A gente volta a se beijar e eu fico com receio de sentir de novo que aquele beijo é delicioso e ficar pensando nele dias depois. Então eu tento me conter, eu beijo ele, mas tento não me perder ali na boca dele. Se bem que eu queria… ele interrompe o beijo dizendo que quer ir para a cama e pergunta se eu também quero. Eu aceito. A gente pega o lubrificante e a camisinha e ele começa a tocar na minha vulva. Ele é o único homem que eu deixo me tocar – e ele sabe disso. Será que ele se sente o máximo? Antes dele eu deixei um homem me tocar, mas foi muito rápido e foi só porque eu senti uma conexão com ele. Sim, ao longo desse quase um ano de profissão, eu tive conexão real com três clientes: um em janeiro, outro em maio e agora com esse. Mas nenhum dos outros dois chegou perto da conexão emocional que eu tenho com esse que estou relatando. Esse de agora tem sido forte e o encontro que tivemos confirmou isso.
Ele tocou na minha vulva e estava bom. Depois começou a fazer oral em mim de um jeito que eu nunca tinha sentido: usando os dedos nos meus lábios. Estava diferente e muito bom, eu acho que eu ia gozar assim, mas ele estava com muita pressa para me penetrar e rapidamente colocou a camisinha. Ele veio por cima porque sabe que essa é a posição que eu mais gosto. Meu Deus, o sexo foi muito intenso! Teve uma hora que ele apertava o meu pescoço enquanto metia na minha buceta e estava maravilhoso! Estava muito mais intenso do que a primeira vez. Eu sentia que ele realmente estava com saudades. A gente volta para a banheira, conversa mais um pouco e volta para a cama. De novo o sexo é muito intenso, eu coloco a piroca dele na boca sem ele pedir, porque estava com saudades de chupar. Ele tem um orgasmo muito intenso enquanto mete em mim. Depois que a gente termina de transar, eu beijo a cabeça dele e começo a fazer cafuné, sem perceber. Ele mostra fotos do rolê que ele foi semana passada como se a gente fosse muito mais que acompanhante-cliente. Também mostro fotos da minha cachorrinha como se ele fosse alguém importante na minha vida. A gente se despede com muitos beijos e eu peço para ele me beijar mais. Que droga. Eu volto para a casa pensando nele.
O fato é que parece que tanto eu quanto ele estamos envolvidos. Muito mais do que eu queria, muito mais do que ele imaginou. Eu tive uma conversa com uma pessoa que me fez abrir um pouco a mente. Ela me disse:
– Se eu não tivesse que parar a minha profissão, se ele me aceitasse, eu ia namorar. O que eu ia perder?
Expliquei para ela que minhas relações sempre foram péssimas e eu não queria ter mais uma relação péssima para contar. Eu tenho meus transtornos. Relação me engatilha muito. Será que ele saberia lidar com os meus gatilhos? Será que ele teria paciência comigo? Com a minha história, com o meu passado, com os meus traumas? Será que ele gostaria de mim o suficiente para não fugir se eu tivesse alguma crise? Será que ele seria maduro o bastante para me fazer sentir segura e confiante? Será?
Não sei o que será do futuro, mas podem ter certeza que estarei aqui, escrevendo e vocês saberão. Quando o coração aperta e a mente fica confusa, eu me encontro na escrita.










