Uma pausa forçada
12 de novembro de 2025
Tive que ficar de molho esses dias, o que me causou uma pausa involuntária sobre o meu trabalho. Estou há quase 1 ano nessa profissão e só tinha parado uma vez, quando peguei uma infecção bacteriana por ter comido um couve estragado – pois é! – mas foram poucos dias e já voltei na ativa.
Dessa vez, precisei ficar afastada por 10 dias para cuidar da minha saúde. Eu estou bem, fisicamente já estou muito melhor, mas o que tem me pesado é o emocional. O meu trabalho me dá vida, me dá autoestima, me dá felicidade. Eu amo o meu trabalho e me reconheço nele, uma parte de mim que está viva se chama Sol Rara. A Sol Rara é como se fosse um alter ego meu, é a expressão artística do meu corpo, é o meu profano, o que minha alma veio fazer no mundo quando quase ninguém está olhando. É o que eu escolho fazer, mesmo sabendo que posso sofrer julgamentos. É o preço que eu pago com vontade – e à vista. É muito mais do que trabalho para mim, é uma forma de existir, completamente. Sou muito mais eu porque sou Sol Rara. Eu criei a Sol Rara para suportar a minha existência e para que a minha existência não fosse em vão. A Sol Rara não é uma mulher que apenas transa com os homens, mas que cria encontros profundos, consigo e com o outro. Ter que ficar em casa de repente foi uma espécie de luto para mim, mesmo que eu soubesse que iria voltar. Os dias perderam um pouco a graça, e eu até tentei me colocar em movimento, sair, espairecer, foquei no meu projeto sobre o meu livro, mesmo assim, nada apagou esse vazio que ficou. E hoje foi um dia insuportável para mim, um dia que me arrastei, que mal queria levantar da cama, que não vi sentido e propósito.
A verdade é que o meu corpo pediu pausa e eu preciso respeitar, mas a tristeza que eu senti também foi verdadeira. Eu sei que irei voltar a trabalhar logo quando essa pausa passar, mas o luto é real. É como se fosse uma lamentação por aquilo que perdi, mesmo que temporariamente. O corpo não sabe muito bem distinguir a ideia de tempo, e mesmo que eu fale comigo que logo voltarei, ele sente como se fosse um nunca mais. Meus sentimentos são à flor da pele, e essa tristeza tem sido sentida com cada milímetro desse vazio na minha rotina. Tenho tentado muito ter uma vida pessoal e me lembrar quem eu sou para além da Sol Rara, mas quase nada é tão divertido quanto ser ela. É como se eu tivesse um brilho a mais quando estou na ativa e esse brilho derrama em todas as áreas da minha vida, eu fico muito mais inteira e mais viva.
O bom é que essa pausa vai ter fim e eu vou voltar a trabalhar. Mas por enquanto, eu sinto esse hiato com um sentimento de “eu quero muito que isso acabe”. E vai acabar.










